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Capítulo I

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Personagens
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII

Assista a abertura do seriado:


 UM DESABAFO

 

 

Mayra *pensando*:

 

            " Dizem que existe um amor verdadeiro para cada um neste mundo. Será possível a única pessoa que pode me completar estar tão longe assim, que até hoje não apareceu para mim? Será que esta pessoa está tão fora de meu alcance que eu não conseguiria agüentar esperar nem por mais um minuto? Será? Ou será que ela nem nasceu ainda? Ou meu destino é morrer solitária, já que sou feia e ninguém jamais me quis?

 

            Dizem, também, que o único remédio para a doença de "coração quebrado" é um novo amor. Tantos amores se passaram, e o coração continua quebrado. Se o tempo e o amor são os melhores curandeiros, devo possuir algum tipo de doença crônica.

 

            Foram diversos os garotos que conheci, em tantos lugares. Todos caíam no mesmo quesito de serem todos iguais. Somente um fez meu coração bater de um modo diferente. Mas, no fim, meu coração bateu tanto que não agüentou e explodiu em um milhão de pedaços. "Você é uma gorda horrorsa, Mayra, sem chance... amor sem beleza é coisa de seriado pré-adolescente". Uma frase tão simples que acabou com a minha vida em uma fração de segundos.

 

            É evidente que ele não era o dono daquele "algo especial" que tanto falam nos filmes de romance: algo que se percebe somente quando se trata da pessoa certa. Aquilo que você sente vindo do coração em uma velocidade superior à da luz. Aquilo que te faz crer que aquela é a pessoa que você amará eternamente. Ela. E somente ela!

 

            Todas as vezes que eu me sentia triste e abandonada pelo mundo traidor que vivia, trancava-me em meu quarto. Não havia força superior capaz de abrir uma porta trancada com a chave da angústia, misturada com a chave da depressão, e com uma pitadinha de minha própria raiva. Lamentava pelos cantos. Em meu CD player, colocava músicas que eu gostava, sonhando em um dia cantá-las ao ouvido de alguém que realmente me amasse. Mas, em instantes, parava de iludir-me e voltava à minha triste realidade.

 

            "Acorda, Mayra, amor é coisa de Hollywood!", dizia a mim mesma.



        
    Também freqüentava o cemitério no qual meus avós estão enterrados. Minha avó sempre foi uma grande amiga minha, sempre dando seus conselhos e oferecendo seu ombro amigo para eu chorar. Eu a considerava mais minha mãe do que minha mãe biológica - que nunca me compreendeu, nunca me ajudou, nunca me acolheu, nunca significou nada pra mim. Desde que ela se foi, há três anos, sofro de depressão.

 

            É... perdemos para o Alzheimer. Duas vezes.

           E, desde então, vou até o túmulo deles e deixo flores todas as semanas. Peço ajuda da minha avó quando não agüento mais. Ela me acalma com seu toque suave e sua doce voz ecoando em minha mente. "Mayrinha, Mayrinha... você é tão preciosa, querida. Quando eu estiver lá em cima e não estiver mais por perto para te vigiar, vou te mandar um anjo de cabelos loirinhos para te proteger!"... foi uma das últimas coisas que ela me disse, quando já estava no hospital, esperando sua hora, segurando minhas mãos, me olhando nos olhos de uma forma tão sutil.

 

            No colégio, eu escrevia em meus cadernos e em pequenos pedaços de folhas que encontrava pelo caminho, tudo o que estava explodindo de dentro de meu coração, e que minha alma exclamava para pôr para fora. Em meu caderno de escola, havia mais lamentações e versos tristes do que lições e anotações das matérias que eu tinha. Não era à toa que eu sempre estava de recuperação, nunca quis me esforçar para ser a queridinha dos professores. Nunca pensei na formatura, já que sempre imaginei que não estaria mais viva até lá.

 

   Em casa, cortava os pulsos. Sangrava pelo chão, manchava minhas roupas. Não sentia dor alguma. Afinal, nada mais me importava!!! Nada!!! Eu já estava anestesiada pela solidão. Minha única missão nesta vida era ser feliz com a pessoa que me amasse verdadeiramente, seja ela homem ou mulher. Se nem nisto não obtenho sucesso, então não sou nada neste mundo, e não mereço continuar aqui.

 

    Do que adianta viver sem amar? Do que adianta viver sem uma razão para existir?

 

            Sempre andava de cabeça baixa, não olhava para os lados. O medo, a angústia, a tristeza... não permitiam. Olhava para o chão, pois somente ele olharia de volta para uma criatura como eu. Também não olhava para frente, pois isso implicava com o futuro. Futuro este que me dava mais angústia na alma. Muitas vezes, arriscava escrever e compor músicas ou poesias para expressar como era ter um buraco enorme na alma, em uma tentativa estúpida de compreensão de outrem. As pessoas pensam que sou alegre, pelas músicas alto-astral que canto e componho. Mal elas sabem... mal elas sabem da verdade por trás de um falso sorriso e um acorde...

 

            Anos se passaram e promessas se quebraram, eu ainda caminhava sozinha sem possuir algo em que pudesse apoiar-me. Gritava comigo mesma e escrevia para ninguém. Fui perdendo a vontade até de respirar, pois se você vive sem um amor, você está morto. Só porque eu estava respirando, não significava que eu estava vivendo. Por dentro, já estava morta há tempos...”

 

  

 

 

Não perca o próximo capítulo de Déjà Vu! \o/

*Todos os direitos reservados à Roberta Ayres Torres (Silly Girl) e Igor Akio Matsuoka - 2005/2006/2007/2008*